sábado, 2 de março de 2013

EU AMO O PHS



02 de fevereiro de 2013

Philippe Guédon


A minha relação com o PHS é a de um pai para com o seu filho. Fui eu a gerá-lo, não menos do que quem mais obrou por ele: Luis Claudio Barbosa de Oliveira, Carlos Eurico de Camargo Alves, Sadi Bogado, Vasco Neto (os quatro in memoriam, que Deus os tenha), Paulo Marambaia, Gilda Jorge, Francisco Caminha, Indalécio, Paulo Roberto Carneiro, minha família inteira. E depois vieram Nelita Rocha, Paulo Roberto Matos, Alexandre Santos, Sérgio Boechat, Marcus Curvêlo, Paulo Martins e tantos mais. Deixo de citar dezenas de nomes, a quem peço perdoarem a velha cabeça e entenderem o espaço limitado.
    Amo o PHS, mesmo que tenha sido presa de profissionais da má política, que nas características de gestão participativa e transparência do partido emergente viram - do jeito torto que enxergam - uma oportunidade de assalto ao poder, e em um de nós o indispensável ponto fraco facilmente seduzível. E lá foi-se o PHS, vítima do tráfico de partidos que já vitimou outros e ainda vitimará mais alguns, até que as Autoridades percebam a lacuna que deixaram: cuidam das eleições, velam as fundações e esquecem dos partidos, entregues ao Deus-dará e à cobiça dos espertos. Pois multiplicaram-se os controles: Legislativo, cartórios, Corte Superior, tribunais de primeira instância da Justiça Comum, Ministério Público, tendo por resultado mais um exemplo do bom-senso da voz rouca das ruas ao constatar que "sente-se órfão quem tem muitos pais". Cito um exemplo: quem, dentre tantas Autoridades, relê e fiscaliza uma alteração de estatuto partidário? A resposta dói: ninguém, personne, nobody, nadie. Convite para todos os que buscam nichos de mercado promissores, sobretudo se este nicho de mercado for um partido sério, nascido à sombra do Ensino Social Cristão, sem mecenas nem figura-de-proa.
    Eu não confundo a vítima com os seus algozes. Amarei o PHS, meu filho, até o fim da minha vida, mesmo que deva deixá-lo antes por carência de mínimas condições de convivência. Não foi o PHS a dar um giro de 180º, trocando a subsidiariedade e a participação pela centralização levada ao absurdo, a doutrina pelo pragmatismo, a transparência das atas pela aparência das fotos, o sonho que arrebatava pela realidade que enriquece, mas os dirigentes que assumiram a partir de 22 de janeiro de 2.011. Eles são os responsáveis pelas mudanças ocorridas, tornadas possíveis porque houve quem abrisse as portas do partido para que nele entrasse este moderno cavalo de Troia portador de vírus mortais, e também porque um universo de militantes e filiados permaneceu apático enquanto assistia uma manobra deitar a perder uma esplêndida história partidária. A omissão é o maior dos pecados sociais, afirmava um idoso tonto nas palestras de Formação. Provado o ponto?
    Quando soar a hora da prestação de contas - pois ela soará - não será o PHS a sentar-se na cadeira reservada aos responsáveis. O PHS sempre foi uma ferramenta. Ferramentas ajudam a destruir ou a construir Catedrais. Dependem da intenção de quem as usa. Que ninguém invoque o coletivo que ajudou a desmontar para diluir a autoria dos atos que cometeu. "Eu acerto e nós erramos", é uma conjugação de verbo no modo covarde.
    Continuo amando o PHS, e tendo dó dos que fizeram dele esta triste paródia que aí está. Um verdadeiro nanico moral, única manifestação de nanismo que devemos rejeitar.

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